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O pequenino no colo do pai enquanto aguardava a cirurgia |
A cena seria digna de uma manhã de pura diversão, não fosse por se tratar da UTI Neonatal do Hospital Municipal “Dr. Waldemar Tebaldi”, de Americana.
O fato se passou na última segunda-feira (09/08), quando chegamos às 6 horas no hospital para a realização da cirurgia do freio de língua curto do Arthur...
Estávamos tensos e ansiosos para que aquele dia passasse logo e quando abriram as portas da recepção do local para as crianças entrarem com suas mães, não pensamos duas vezes e entramos ambos para acompanhar o bebezinho que sorria embrulhado no cobertor para se proteger do frio cortante que fazia.
A turma seguia uma enfermeira pelos corredores do hospital até chegar na sala que, ao contrário do nome (UTI Noenatal), não era nada assustadora. Berços com grade e camas pequeninas encostadas na parede logo foram ocupadas pelas crianças, que foram escolhendo onde ficariam de modo tão natural quanto se estivessem chegado num hotel. Os adultos começaram a se ajeitar em confortáveis poltronas ao lado de seus filhos.
Os pais (nós) do bebê, meio perdidos, relutavam em colocá-lo no bercinho apontado pela enfermeira, mas, depois de alguns minutos, acabaram cedendo.
Deitado no berço, Arthur admirava tudo e todos ao seu redor e abria um enorme sorriso de tempos em tempos até mesmo quando a enfermeira, uma baixinha de óculos bem simpática, veio com uma daquelas camisolas de hospital (abertas atrás) tamanho recém-nascido.
Pouco a pouco os adultos começaram a conversar enquanto seus filhos aguardavam ser chamados, um a um, para as respectivas cirurgias. Uma criança operaria de hérnia umbilical, a outra de um dedinho torto; o garotinho esperto de 2 anos iria operar a fimose e o outro, mais velho, retiraria uma hemorróida. Já o pequenino, todo sorridente, faria uma pequena cirurgia na língua presa.
Quando a enfermeira veio pedir aos pais que colocassem a camisola no bebê, a mãe foi tomada por uma sensação de dó e a tarefa acabou ficando a cargo do pai, que, cuidadosamente, tirou a roupinha do filho, olhou a fralda e colocou a camisolinha, enrolando-o num lençol do hospital e na manta que trouxera de casa.
Chegada a hora (mais ou menos 7h50) foram os três acompanhando a enfermeira pelo corredor frio e o pequeno, no colo do pai, balançava seus pezinhos descalços até o centro cirúrgico.
A enfermeira saiu e ficaram ali, os três, entre a porta de vidro e a de madeira do centro cirúrgico aguardando o anestesista, até que Arthur, impaciente, decidiu gritar a todos que estava há quase duas horas em jejum e queria mamar logo. E a gritaria deu certo, pois logo vieram os médicos para ver o que acontecia.
De repente, uma enfermeira abriu a porta e retirou o bebê do colo do pai para levá-lo à mesa de cirurgia. Os dois, sem saber direito o que fazer e/ou pensar ficaram ali, imóveis, ouvindo o chorinho do filho que se afastava.
Na cabeça da mãe passavam mil e uma preocupações com a anestesia e os três pontinhos que o médico dissera que seriam dados na língua do bebê. Foi quando ouviu-se ao longe um choro abafado, como se estivessem tapando a boca do pequenino.
A mãe, nervosa, comentava com o pai, assustado, que parecia que estavam tapando a boca de seu filho, quando, repentinamente, a porta de madeira se abriu e o pequeno foi entregue no colo do pai, chorando desesperadamente, com uma gaze na boca suja de sangue.
Diante dos olhos lacrimejantes da mãe (e do bebê), a enfermeira avisou que não houve a necessidade de sedação nem de se dar pontos na língua e pediu à mãe que desse o peito ao filho naquele momento para acalmá-lo. Mas quando o bebê, todo desajeitado, foi posto no seio da mãe que, apesar das pernas bambas e os olhos embaçados, estava em pé a reação foi inesperada: apesar da fome, o pequeno não conseguia mamar devido à dor do corte que acabara de se fazer.
Desconfortáveis e abalados com a situação, os pais pediram para retornarem à UTI Neonatal para tentar alimentar com mais tranqüilidade o recém operado. E assim foi. Entretanto, a dor e o susto do bebê eram tamanhos que no meio do caminho acabou dormindo no colo do pai que o segurou até que acordasse na UTI.
Ao acordar, Arthur foi trocado de roupa e colocado no peito e, dessa vez, mamou por quase meia hora sem parar enquanto o pai saiu à procura da assistente social para pedir um atestado e a alta hospitalar do garotinho.
Naquele dia o pequenino bebê de quase três meses chorou de dor por várias vezes, mas, para a surpresa e alegria dos jovens pais, no dia seguinte Arthur estava mais do que recuperado, com seus sorrisos cativantes e suas balbucias de “angú”, “au” e “brrrum”.
ai amanda.. que dó.. haha parece que dava pra eu sentir daqui a agonia de mãe rs..
ResponderExcluirbjo